segunda-feira, 4 de junho de 2012

O ALBATROZ AZUL – João Ubaldo Ribeiro




Que livro lindo!

Adorei ter lido esse novo livro de João Ubaldo Ribeiro. Um romance de ideias com cheiro de coentro e um toque de dendê. Que mistura rica e saborosa!

Foi especialmente significativo ter lido esse livro na sequência de “Memorial de Aires” de Machado de Assis. Pois para mim, de certa forma, foi como se estivesse lendo em Ubaldo uma perfeita continuação de Machado. Os dois livros são diferentes em tudo, na história, no modo de contar etc. etc., mas são idênticos na essência, que é o olhar muito pessoal (e portanto universal) sobre a velhice e a morte.

Por isso ficou tinindo esse paralelismo entre os dois livros, separados um do outro por um século e quase dois mil quilômetros, pois enquanto “Memorial de Aires” (1908) é também uma crônica profundamente carioca, “O Albatroz Azul” (2009) é igualmente itaparicano em sua narrativa. Sotaques e épocas à parte, resta a sabedoria, a profundidade desses olhares maiorais de nossa literatura. Machado e Ubaldo diante da morte! Só posso dizer que passei esse dezembro em interessantíssima companhia...



Viajei muito lendo “O Albatroz Azul”. Depois desse paralelismo entre Ubaldo e Machado, outra viagem foi supor conversas literárias entre Ubaldo e outros escritores.

Entendi a originalidade maior de Ubaldo residindo na mistura muito única entre o popular e o erudito, nesse jeito muito dele de contar uma história. O próprio autor define o seu estilo como “meio abarrocado”.

Penso que Ubaldo realmente ama as palavras, não platonicamente, mas com luxúria! As palavras são para ele o que as concubinas são para o sultão do harém... Ou seja, quanto mais melhor rarara!!!

Ele é conhecedor de um vocabulário vastíssimo, aparentemente inesgotável. Isso por si só já é um ponto de interesse, pois sempre é bom ampliar o nosso vocabulário.

Durante a leitura de “O Albatroz Azul”, somando-se ao estilo matriz de Ubaldo, penso ter percebido ecos de conversas literárias travadas entre o autor e outros grandes que nem ele. Na primeira parte do romance detectei uma curiosa mistura de José Saramago e Jorge Amado. Na segunda parte, senti o cheiro de Richard Bach, Hermann Hesse e também, acredite se quiser, até mesmo do colega de Academia Paulo Coelho!

Tudo isso sempre somando para o brilho do livro, para tornar sua leitura uma experiência intensa e positiva.

Altamente recomendável!


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