domingo, 26 de fevereiro de 2017

NEVE – Orhan Pamuk



O que primeiro me interessou na leitura desse livro foi o fato do autor, Orhan Pamuk, ter sido laureado com o Nobel de Literatura em 2006. Depois que comecei a ler, vi que o livro é uma bela oportunidade de conhecer um pouco sobre o islamismo e os conflitos a ele associados. Mas o grande proveito que tirei de “Neve” foi mesmo o mergulho nas emoções e motivações de um poeta em pleno processo de criação!

O livro é escrito com muita sensibilidade e criatividade, com o uso de recursos como saltos temporais na narrativa e a inclusão do próprio autor como personagem. A narrativa tem um sabor inegavelmente “estrangeiro”, fora do padrão a que eu pelo menos estou mais acostumado, o que por momentos foi muito interessante, mas que também torna a leitura um pouco cansativa às vezes. E os assuntos abordados também ajudam a provocar essa estranheza: boa parte da história gira em torno de jovens que se suicidam porque o governo as proíbe de usar o manto em escolas e outros locais públicos...

Esse livro trará deleite especial para poetas e para os que amam a poesia. O autor coloca de forma muito vívida o processo de “inspiração poética”, quando o poeta “ouve” o poema, mais do que o cria, a ponto de ter a sensação de que simplesmente foi o anotador do poema. Senti isso muitas vezes, graças à Musa! Bem diferente é o processo da prosa, que exige um trabalho disciplinado e até meio burocrata, “de sentar para escrever todos os dias à mesma hora”, como bem coloca o autor.


Uma bela e inspiradora leitura, muito atual! 


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MANIFESTO – Mensageiros do Vento!

Um experimento literário realizado com muita autenticidade e ousadia. A ideia é apresentar um diálogo contínuo, não de diversos personagens entre si, mas entre as diversas vozes de um coral e o leitor. Seguir a pista do fluxo da consciência e levá-la a um surpreendente ritmo da consciência. A meta desse livro é gerar ondas, movimento e transformação na cabeça do leitor. Clarice Lispector, Ferreira Gullar, James Joyce e Virginia Woolf, entre outros, são grandes influências. Por demonstrarem que a literatura pode ser vista como uma caixa fechada, e que um dos papéis mais essenciais do escritor é, de dentro da caixa, testar os limites das paredes... Agora imagine que esse livro escrito por uma banda de rock! É o que encontramos no livro MANIFESTO – Mensageiros do Vento, disponível aqui. Leia e descubra por si mesmo!
http://www.recantodasletras.com.br/e-livros/5823590


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