sexta-feira, 17 de março de 2017

O FALECIDO MATTIA PASCAL – Luigi Pirandello


Muito bom esse livro, obra que diverte e faz pensar. Dentre todos os autores laureados com o Prêmio Nobel de Literatura que li até hoje, Pirandello é certamente o que tem a veia cômica mais aflorada.

É o próprio Mattia Pascal quem narra sua singular história: “já morri, sim, duas vezes, mas a primeira, por engano, e a segunda... irão saber.”

Dado como morto por todos que o conheciam, Mattia tem a oportunidade de começar uma nova vida, sob uma nova identidade. Mas longe de ser a liberdade que ele almejava, a condição de “morto” acaba se tornando uma nova e insuspeitada escravidão... o que não o impede de desenvolver uma série de reflexões sobre a vida e a morte.

Muito interessante é o recurso utilizado pelo autor de apresentar, através do personagem Paleari, alguns pensamentos bem profundos sobre o sentido da vida, mas que são recebidos pelo um tanto obtuso Mattia Pascal com deboche e ironia, como se não passassem de devaneios de um velho gagá. Recurso arriscado, que em mãos menos hábeis talvez não surtisse o efeito desejado, de fazer pensar sem cometer o grave crime de querer “dar aula” ao leitor, além de deixar a questão em aberto, possibilitando novas reflexões.

Eu, pessoalmente, obtive dessa leitura um ganho a mais, pois ao contrário da maioria das pessoas, também já morri, não apenas duas, mas três vezes, graças a um problema na parte elétrica do coração que obrigou os médicos a forçarem uma parada e a reinicialização das batidas cardíacas por meio de choque elétrico. Trata-se de um procedimento perigoso e de êxito incerto, mas felizmente dei um “restart” no coração por três vezes e ainda estou aqui. Foram momentos difíceis para mim e para minha família, mas hoje posso dizer que foram algumas das melhores coisas que já me aconteceram, por me proporcionar, assim como ao caro Mattia, a possibilidade de vivenciar de forma mais próxima a morte e, assim, obter uma visão privilegiada sobre a preciosa dádiva da vida. Foi, aliás, graças a esses episódios que passei a me chamar Fabio Shiva (tendo nascido Fabio Lopes Barretto), como explico no poema “3 X CTI”:

Fabio Lopes morreu.
Fabio Barretto morreu.
Fabio sem nome morreu.

Antes eles do que eu!


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MANIFESTO – Mensageiros do Vento

Um experimento literário realizado com muita autenticidade e ousadia. A ideia é apresentar um diálogo contínuo, não de diversos personagens entre si, mas entre as diversas vozes de um coral e o leitor. Seguir a pista do fluxo da consciência e levá-la a um surpreendente ritmo da consciência. A meta desse livro é gerar ondas, movimento e transformação na cabeça do leitor. Clarice Lispector, Ferreira Gullar, James Joyce e Virginia Woolf, entre outros, são grandes influências. Por demonstrarem que a literatura pode ser vista como uma caixa fechada, e que um dos papéis mais essenciais do escritor é, de dentro da caixa, testar os limites das paredes... Agora imagine esse livro escrito por uma banda de rock! É o que encontramos no livro MANIFESTO – Mensageiros do Vento, disponível aqui. Leia e descubra por si mesmo!
http://www.recantodasletras.com.br/e-livros/5823590

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