Gostei
muito de ter lido esse livro, uma verdadeira aula sobre a arte de se escrever
um romance! Nessa leitura, intuí algo como uma “escola inglesa de literatura da
primeira metade do século XX”, manifesta na estrutura e concepção do romance,
similar a outras obras britânicas dessa mesma época que já li, especialmente o
excelente “Contraponto” do Aldous Huxley.
É
um tipo de romance onde cada pequeno acontecimento da trama parece revestido de
profundo simbolismo, de forma a retratar de forma completa a personalidade e a
vida dos personagens. Isso me fez lembrar de outro livro muito bom que li, “A
Estrutura do Romance” de Edwin Muir, onde o autor distingue os romances entre
organizados em função do tempo (“romance dramático”) ou do espaço (“romance de
personagem”). Pois então, nesse contexto “É Um Campo de Batalha” seguramente
pode ser classificado como mui digno representante do “romance de personagem”.
Greene com muita categoria faz um vívido retrato das pessoas e da sociedade de
sua época, e nesse panorama alcança expressar uma totalidade, ainda que sombria
e deprimente. E isso tudo em uma trama envolvente, que captura o leitor. Isso é
diversão e arte!
A
história gira em torno de um ativista comunista que mata um policial durante
uma manifestação, e que por conta disso é condenado à morte. Esse é o pano de
fundo para a habilidosa tecelagem de Greene, que traduz uma visão desencantada
do mundo, mas que ainda se permite acalentar um laivo de esperança. Literatura
de gente grande!
***///***
MANIFESTO – Mensageiros do Vento
Nenhum comentário:
Postar um comentário